17/07/2015 até 30/08/2015
RE-CONHECIMENTO, A GRAVURA NORUEGUESA CONTEMPORÂNEA
A forma mais antiga de reconhecimento
é lembrar-se de
algo de que nunca se ouviu falar.
Arne Nordheim
As artes gráficas com as quais lidamos hoje não apenas vão
além do tema relacionado com sua própria mídia, indicando rotas ao longo das
quais a arte como um todo se movimenta, mas também demonstram, antes de tudo,
como a arte funciona no âmbito de uma reflexão existencial amplamente
concebida. Ou seja, demonstram o modo como a arte passa a ser parte dela mesma,
uma forma de consciência, e como acumula um potencial de verdade, entendida não
no sentido lógico, mas como sinal de convicção interna. Uma convicção que leva
ao reconhecimento da imagem fora da consciência do espectador, a despeito do
fato de jamais tê-la visto.
Vem daí o título da exposição Re-conhecimento, que se refere,
por um lado, ao processo criativo do artista, e por outro, à percepção do espectador,
em cujo corpo a recepção, o reconhecimento e a interpretação das imagens se
realizam de maneira vivida.
Re-Conhecimento é a última de uma série de exposições
organizadas por Jens Olesen, cônsul geral da Noruega em São Paulo, com foco no
cenário artístico nacional. Tem o objetivo de mostrar ao público as artes
gráficas norueguesas e a riqueza de suas referências artísticas e culturais.
Artes que se desenvolveram de maneira independente, mas também em profundo
diálogo com as tendências europeias e globais.
A exposição reúne cem obras de 21 artistas do extenso
universo das artes gráficas norueguesas dos últimos 25 anos. Neste caso,
fizemos uma seleção subjetiva de obras, mas qualquer outra escolha também seria
possível.
Nosso foco principal foram as obras de autores que, enquanto
renovavam técnicas clássicas, fazem uso, de maneira consciente e original, de
valores formais e estéticos atribuíveis às artes gráficas.
A exposição apresenta, portanto, obras de artistas que já são
ícones na história das artes gráficas norueguesas, assim como obras intrigantes
de artistas para os quais esse não é o meio expressivo preferencial, e ainda
obras de novas gerações de autores que se iniciam nesse campo em busca de novos
significados e novas possibilidades de criação de imagem.
A variedade estilística e os diversos formatos e formas das
obras expostas, desde as pequenas e intimas até as de grandes dimensões,
tratadas como análise de estágios individuais do processo, atendem à mensagem
concreta que cada um dos artistas incluiu em sua obra. Podemos até inferir que,
em virtude de sua localização geográfica, o núcleo dos esforços criativos e da
inspiração naquele país é uma relação muito tensa entre o homem e a natureza. É
o único país onde poderia ter nascido Edvard Munch, cujas xilogravuras
pioneiras forma o ponto de partida na história da arte da gravura norueguesa
com o expressionismo continuando a impregnar gerações subsequentes de artistas,
como matriz original. Na gravura norueguesa, uma paisagem dramática pode passar
por uma transição suave até uma abstração lírica ou até a forma expressiva da
figura humana.
Magdalena - Curadora